quinta-feira, maio 20, 2010

Cruzeiro Eliminado: Há de se Perceber as Diferenças

Uma coisa é garra, outra coisa é o descontrole, a afobação.

A missão não era fácil, ganhar fora de casa por uma diferença de, ao menos, dois gols. Nem importa o adversário: o objetivo em si já não é nada simples. Deveriam ter ganho o primeiro jogo, em casa, ou ao menos buscado um empate. O problema, portanto, não é quem você vai enfrentar, e sim como você encara o desafio adiante.

Tudo fica ainda mais complicado com um jogador a menos, como ficou o Cruzeiro logo no primeiro minuto da partida. Kléber, merecidamente, foi expulso. Foi por excesso de garra? Não, não foi. Foi afobação. Assim como foi no primeiro jogo desse jogador pelo Cruzeiro, quando fez dois gols, e então foi expulso. Não foi garra, foi afobação.

Um outro aspecto é a escalação do time... se você jogou em casa, com tudo ao seu favor, e não obteve resultado, será que utilizar a mesma escalação e a mesma formação no segundo jogo dará resultado? Difícil acreditar que, utilizando-se as mesmas rotinas, obter-se-á resultado diferente. Só na cabeça de um Professor Pardal, que na verdade não é um Professor Pardal: é simplesmente uma pessoa que, dentro da limitação do que tem à mão, busca o melhor a se utilizar. Não é mania de inventar, é falta de substituto para as posições. Porém, há ainda outro fator: o Cruzeiro tem um lateral direito, que atende pelo nome de Jonathan. Substituto? Não tem. O Cruzeiro não tem um armador, tem um lateral esquerdo improvisado no meio, que atende pelo nome de Gilberto. E não adianta, ele não é armador. O Roger, portanto, seria o titular na posição, se tivesse condições de jogo. Bernardo seria outro jogador ali, mas acharam por bem emprestá-lo. Então, quer dizer, apostou-se nos improvisos, preterindo-se os profissionais em cada posição. Adílson, possuindo atacantes em condições de jogo, preferiu improvisar um meia no ataque em um jogo há duas semanas atrás. É a opção pelo improviso, ao invés de se utilizar o padrão. Por quê? Bem, talvez porque um possua melhor condição física que outro. Ou porque um seja mais versátil que outro.

No mundo do RPG, eu aprendi que um personagem de classe única é mais limitado que um personagem multiclasse, mas é também insuperável em sua especialidade. Ou, ao menos, deveria ser. Então, você sempre deve preferir os especialistas em cada função, e não aqueles que podem ser improvisados. Mas esse é só o meu ponto de vista.

Pior ainda, o Cruzeiro dispensou os jogadores de cada posição, sob a alegação de que não estavam sendo aproveitados no clube, inclusive laterais e meio campistas (repito, não há substituto para a lateral direita no Cruzeiro, e o armador é improvisado). E ainda colocou-se outros na fogueira, como é o caso de Elicarlos, que nunca foi lá grandes coisas, mas que também só é colocado na fogueira. Falemos nele quando, efetivamente, for o responsável por alguma coisa, de boa ou de ruim

É muito interessante que o time possua tantas falhas de marcação, sendo treinado por um ex-zagueiro. Um a menos? Parecia mais, parecia muito mais. Sempre que a bola vinha a um jogador do Cruzeiro, havia dois adversários em cima dele; quando era um ataque dos paulistas, sempre havia dois deles livres. Como se dá esse milagre da multiplicação dos adversários? Não se dá: ele é fruto dos erros sucessivos de marcação. E até eu sei como é fácil jogar desmarcado. Não houve movimentação são paulina, houve sim afasia cruzeirense.

Por fim, há o time, o Cruzeiro Esporte Clube, e há a equipe, os jogadores que entram em campo, os dirigentes e a equipe técnica. O Cruzeiro é vitorioso, com vários títulos nacionais e internacionais... o time já ganhou de outras equipes, de outras torcidas, de maratonas de jogos e de arbitragens. Quem viu a Tríplice Coroa, sabe. A equipe, constituída há 3 anos, essa ainda não tem do que se orgulhar. Ganhou estaduais, e só. Disputou muitos torneios e, na hora, sempre põe a culpa no desgaste, na maratona de jogos, nos erros de arbitragens.

Na verdade, e eu odeio essa expressão, mas a verdade dói, na verdade faltou raça. Sobrou afobação, e faltou raça. Basta observar os semblantes dos jogadores na saída do jogo dessa noite: quem estava suando? Quem estava com a camisa escurecida de suor? Quem saiu ofegante, deixando o pulmão em campo? Nenhum. Todos muito bem arrumados, com a camisa para dentro do calção, cabelo penteado e aptos a dar entrevistas, extensas entrevistas. Alguns até podem ter entrado no sacrifício (não que isso se justifique), mas não correram, não se movimentaram, não se ligavam no jogo. E aí resta a derrota, qualquer que seja o objetivo.

Não foi o juiz, como disseram na entrevista. Foi a falta de garra do time. Não foi o desgaste, foi a falta de foco no objetivo. Não foi o adversário (que tem sim todos os méritos), mas sim a falta de autocrítica do time, que se acha melhor do que é. O Cruzeiro tem muitas glórias, a atual equipe, não.

Cruzeirense sempre: que venha o Campeonato Brasileiro. Até porque há de se perceber as diferenças: um campeonato é um, o outro campeonato, é outro.

E.

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