domingo, maio 15, 2011

Arrancada para O Centésimo Campeonato Mineiro

Em 2015, segundo fontes pouco confiáveis, o Campeonato Mineiro fará 100 anos. Vários cômputos existem sobre quem ganhou mais títulos, quem é mais vitorioso no maior clássico de Minas Gerais, mas o início do torneio, em 1915, parece ser um consenso entre todos os participantes.

O Cruzeiro não disputou todas as edições do estadual: o clube só foi fundado em 1921, quando o América ganhara seis das sete edições até então (e ainda viria a ganhar todas, até 1925), firmando seu decacampeonato - quatro títulos em cima do Atlético-MG, quatro em cima do Cruzeiro. Curiosamente, o Atlético-MG "sumiu" das finais entre 1919 e 1925, justamente quando o Cruzeiro surgiu, e então reapareceu para dividir o título de 1926, quando duas ligas disputaram o estadual (uma vencida pelo Atlético-MG, e outra pelo Cruzeiro). Curiosamente, o América não aparece em nenhuma das duas finais.

A primeira final entre os clubes que, cem anos depois, seriam os maiores de Minas, ocorreu em 1927: o Atlético-MG ficou com o título, após a histórica goleada, a maior do clássico: 9 x 2 para os alvinegros. O remédio amargo tomado pelo Palestra Itália, contudo, foi bem absorvido, e o time viria a emplacar seu primeiro tricampeonato nos anos seguintes, sendo dois dos títulos com 100% de apriveitamento - um dos jogos do Campeonato de 1930 não foi realizado, devido a WO por parte do Atlético-MG.

Como se pode ver, pelas estatísticas do estadual, até os anos 1940 vários outros times chegavam às finais do torneio (Yale, Villa Nova, Siderúrgica, Retiro, Olympic...), o que desmistifica, na minha opinião, a supremacia de algum time no futebol mineiro nos primeiros 30 anos da competição. Não se pode questionar a força que América, Atlético-MG e, mais tarde, o Palestra Itália tinham, mas eles não eram hegemônicos. O Atlético-MG ficou 10 anos sem ganhar o estadual (1916-1925), o Villa Nova emplacou, em cima de Palestra e Atlético-MG, um tetracampeonato (1932-1935) e, em 1937, nenhum desses times estava presente na decisão do título, perdido pelo Villa Nova para o extinto Siderúrgica.

A partir de meados dos anos 1940 o campeonato fica mais centralizado, contando com 4 forças principais: Atlético-MG, Villa Nova, América e o Palestra Itália, que mudaria seu nome para Cruzeiro, por força de Decreto Lei. O América, claramente, perde muito de seu espaço para a ascensão de Cruzeiro e Villa Nova, o que tornaria o campeonato mais e mais polarizado. Ainda teríamos a presença do América em 4 finais consecutivas (1957-1960), mas após 1965, o time ficaria cada vez mais em segundo plano. O mesmo ocorreria com o Villa Nova e com o Siderúrgica, este último ainda viria a ganhar seu último título estadual em 1964.

Dos anos 1970 em diante, a polarização é evidente: de todos os títulos disputados, apenas quatro não pertencem a Cruzeiro ou Atlético-MG. O América levou dois, o Ipatinga um, e a Caldense levou outro. O campeonato mineiro tornou-se, realmente, um estadual, e não mais o "Torneio da Cidade", ocorrendo jogos em todos os extremos do estado de Minas Gerais, o que ajudou a popularizar os times da capital pelo interior.

No total, temos 40 títulos do Atlético-MG, 36 do Cruzeiro (computado o Supercampeonato Mineiro de 2002) , 15 do América e 5 do Villa Nova. Com o centenário do estadual se aproximando, em 2015, uma pergunta paira no ar: quem será o maior ganhador do torneio nesses primeiros 100 anos de existência? Alguns podem argumentar que o aproveitamento do Cruzeiro é melhor, já que participou de seis edições a menos; outros podem falar do inalcançável decacampeonato (Eneacampeonato?) do América, pode também ser dito que o Atlético-MG é sim o maior campeão do estado, enquanto outras pessoas podem considerar isso tudo uma grande perda de tempo. Para quem gosta de futebol, contudo, isso é bem curioso, motivo de debate, de saudáveis discussões, e mais uma oportunidade de lembrar e contar os feitos do time do coração. E futebol não é para ser assim?

E.

P.S.: Se o meu Cruzeiro emplacar um pentacampeonato, conquistando os títulos de 2011 à 2015, ele chegará a 41 títulos, desbancando o Atlético-MG de vez, no centenário da competição. Já pensou???

P.P.S.:  Um já foi: faltam quatro!!

quarta-feira, maio 11, 2011

domingo, maio 08, 2011

Atlético-MG 2 x 1 Cruzeiro

Não vi o jogo todo, vi apenas o final do segundo tempo (para quem não sabe, eu estava em um velório ontem, e fiquei a madrugada toda, então cheguei em casa morto, só quis saber de cama). Vi pouca coisa, vi o chute na trave do Gilberto, vi a briguinha do Fabrício com o Mancini, vi o destempero do Montillo. Aliás, pelas entrevistas que o Montillo deu nesses últimos dois dias, eu achava que ele nem iria participar do primeiro jogo da final.

Dei falta do Roger no jogo. Vi depois que ele foi para o banco, mas não foi utilizado. Erro do Cuca: o jogador tem qualidade, então tem de jogar. Quer punir por conta da expulsão, pune no bolso e põe o cara pra jogar. Jogar, jogar e jogar. Agora, para o segundo jogo, como fica a cara do treinador, já que o time agora precisa do jogador para completar o meio de campo?

Eu imagino que os atleticanos estejam muito felizes, não apenas pela vitória, mas pelo fato de ser a terceira consecutiva... bacana, bacana mesmo. Só que o Cruzeiro tomou esse remédio não tem nem uma semana! Venceu o jogo de ida por 2 a 1, ficou se achando, e deu no que deu semana passada. Mas eles tem mais é que curtir a vitória; se fosse o Cruzeiro o vitorioso, eu estaria muito feliz!

Agora... vamos falar de outras coisas...

Falando de Outras Coisas (do Futebol)

Vi uma coisa muito bacana nesse meio de semana: a CBF está estudando uma maneira de (re)organizar o calendário, de modo a permitir que os times participantes da Libertadores possam participar da Copa do Brasil, caso tenham se classificado para a competição. No melhor dos mundos, as vagas para a Copa Sulamericana também serão reorganizadas, sendo distribuídas a partir do primeiro colocado do Brasileirão, a partir de 2012. Então, teremos o retorno da qualidade da Copa do Brasil (que, desde 2004, é um torneio de segundo escalão, justamente porque não conta com os melhores times do Brasileirão anterior) e a participação brasileira na Copa Sulamericana contará com uma melhor qualidade, uma vez que serão os oito primeiros do Brasileirão do ano anterior que a disputarão. Sério, botar time que é 14º colocado para disputar torneio internacional é pedir para passar vexame. Não é à toa que demorou tanto a haver um campeão brasileiro nessa Copa! Quem sabe, agora, eu não tenho como rever meu Cruzeiro jogando Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil, Sulamericana, Mineiro e sabe Deus mais o quê, tudo no mesmo ano?

Falando de Outras Coisas (do trabalho)

Nessa semana que entra eu retorno ao trampo... saudades do pessoal todo, dos alunos, e até mesmo de ver os ares de Vespasiano. Saudade estranha, de fazer uma coisa que eu gosto muito, que é dar aulas. Pena que não dê grana... ao menos, não para o professor! Terei também de recolher as provas, os trabalhos, corrigir e ver como foi a turma. Espero que tenham ido bem! Tentei não forçar a barra, não deixar a vida deles (ainda) mais complicada, e espero ter conseguido. Vamos ver!

Falando de Outras coisas (da universidade)

Amanhã tem aula especial... não posso faltar. Vou ver também se eles decidiram algo em relação aos recursos que impetrei no Colegiado de Graduação. Vamos ver se andou alguma coisa, pois eu já pedi algumas coisas há mais de um mês. Senão, oh bem... é recorrer às instâncias superiores.

Também é hora de rever amigos e amigas. Apesar de eu já ser dinossauro (o último?) no curso, há sim bons amigos e amigas, dos quais eu sinto falta, e espero revê-los muito bem. Finalzão de semestre, proibiram o Geoteco, vamos ver para onde vai a comissão de formatura... sem falar de uns trabalhos que eu nem iniciei!

Falando de Mais uma Última Coisa

Feliz Dia das Mães para você aí, que escolheu encher o peito de amor, e soltar o coração para andar e descobrir o mundo. É o aprendizado nosso, da humanidade, que só tem como nascer de sua coragem e de sua angústia. Muito obrigado, e parabéns a todas as mães!

E.

quinta-feira, maio 05, 2011

O Que é Old School?

Bão... vamos cumprir com a obrigação, mas vamos fazê-lo de maneira agradável.

Se você aí ainda não sabe, não ouviu dizer, não sabe do que se trata: o old school é um movimento de contracultura (ô, dó!) ou de retrocultura, ou de gordinhice mesmo, que procura resgatar para os dias de hoje (segunda década do século vinte e um) o tipo de experiência que se tinha quando se jogava RPG em alguma época das duas últimas décadas do século vinte. Resumindo: é um saudosismo repaginado, revisto, revigorado e, por isso mesmo, muito bom.

É, sim, eu disse saudosismo, porque o que é bom na vida deve ser rememorado, especialmente quando não está mais sendo produzido por editora alguma, em lugar algum. Quando todas as iniciativas do mercado de um país são direcionadas para acompanhar o sistema mais novo, mais recente, mais divulgado, mais isso e mais aquilo, é extremamente louvável que surjam apaixonadas pessoas, saudosistas, que metem a mão na massa e criam não apenas iniciativas blogueiras, mas sim editoras e produtos novos, que trazem a sensação de estarmos jogando algo realmente velho.

Ou, talvez, nem tanto assim.

Não há como um produto antigo, 100% fiel aos idos de 1980, ser agradável para as pessoas dos vindos de 2011, simplesmente porque o mundo mudou, e muito. É exatamente aí que entra a preciosidade, o inestimável peso do saudosismo nessa iniciativa. Como se sabe, o saudosista esquece das partes ruins, apega-se às partes boas, e então retrata o passado como melhor que o presente.  Isso faz com que, usualmente, o saudosista esteja, por definição, errado. Não há melhor ou pior, há apenas épocas e experiências diferentes, cada uma presa ao seu contexto. Mas é aí que entra o gênio da coisa.

Um RPGista saudosista guardou, ao longo de dez, vinte ou mesmo trinta e tantos anos, as melhores experiências possíveis de sua carreira como RPGista, sendo mestre e/ou jogador. Claro que nem tudo eram flores (é só abrir os livros da época para ver as atrocidades em preto e branco), e é evidente que as edições e os produtos mais recentes trouxeram aprimoramentos. Nesse contexto, o RPGista sênior tende a incorporar novidades ao seu jogo - novas regras, novos modelos, novas mecânicas, etc - mantendo o que lhe agrada na edição anterior. Há, portanto, uma repaginação do produto, a cada nova versão do mesmo, ou então a cada nova edição do jogo. Até mesmo RPG's de outras editoras servem como parâmetro, simplesmente porque trazem uma nova perspectiva ao jogo.

Um bom exemplo (em se falando de Brasil) são as regras utilizadas no AD&D segunda edição, que foi a versão traduzida para a nossa língua. Nele, atribuir o total de pontos de vida aos personagens de primeiro nível era uma regra opcional, nova, mas que era tão amplamente utilizada que se tornou cânone do Old School. Um jogador de D&D sabe exatamente como era cruel rolar o dado de vida para seu guerreiro, tirar 1 no dado, e ter de passar por toda a masmorra com 1pv de máximo. Claro, pois a morte do personagem vinha com 0 pontos de vida - a regra de se permanecer iconsciente até -10pv's era também opcional. Logo, um jogador de AD&D - que é o jogador considerado Old School no Brasil - aprendeu tais regras - opcionais - como cânones, absorvendo algo novo e incorporado a algo antigo. Assim sendo, o saudosismo incorpora porções opcionais tratadas como cânone, ou seja, propicia não apenas uma memória seletiva, como também uma seleção natural entre o que é bom e o que é melhor.

O Old School, então, embarca não nos retroclones de uma dada edição ou outra, mas sim nos "retrofrankensteins" de várias edições, várias regras opcionais, várias experiências de jogo e da interatividade (viciosa ou virtuosa) ao longo de tantos e tantos anos de conhecimento acumulado. Aí o saudosismo é a ferramenta preciosa, que permite a seleção pela memória do mestre/jogador daquilo que deve ou não deve ser trazido para as novas edições.

Resumindo, Old School é um movimento de repaginação das experiências antigas de jogo, onde as regras eram menos importantes, o improviso imperava e todas as decisões finais cabiam ao mestre de jogo, que também deveria ser uma pessoa interessada em desenvolver uma história envolvente para todos os participantes do jogo, inclusive ele mesmo. Dentro desse contexto, 10 máximas do movimento old school seriam:

10. Entenda que o tempo passa, a vida passa, tudo passa. Até uva passa;
09. Entenda que não é porque algo é velho que é bom, assim como não é porque algo é novo que é uma merda;
08. Procure entender que é um exercício fútil defender contas com números negativos, porque sim;
07. Procure entender que regras opcionais não retiram o mérito de sistema algum e são, ademais, apenas opções;
06. Saiba diferenciar o que está escrito nos livros, do que está acontecendo no jogo;
05. Saiba diferenciar a parcialidade do mestre da imparcialidade dos dados;
04. Conheça as regras, e reconheça o direito do mestre de as ignorar;
03. Conheça os jogadores, e reconheça o direito deles de discordar de você;
02. Jogue para o grupo;
01. Jogue para se divertir.

Além disso, claro, é fundamental saber administrar seu tempo, utilizando-o construtivamente. O movimento Old School é um bom objeto de trabalho, de estudo, enfim, uma ótima maneira de se ter o que fazer. Agora, não há mais porque ficar de mimimi com essa ou aquela edição, trabalhando para a dirimir, perdendo tempo e espaço preciosos xingando aquilo que você não gosta. Passe seu tempo construtivamente, fale dos sistemas Old School, colabore com eles, escreva e contribua com algo que você mesmo viu em sua mesa de jogo. O movimento de contracultura está aí, é só aderir...

E.

P.S.: Em respeito ao posicionamento Old School, está terminantemente cancelada a série de artigos "O Mito do Balanceamento de Classes", que contou com apenas 2 partes, e contaria ainda com outras 2 ou 3. A partir de agora, tratemos do Old School por essas paragens, pois sim?

Cruzeiro 0 x 2 Once Caldas

No jogo de ontem, o Cruzeiro foi eliminado da Libertadores da América, devido a um placar agregado de 3 a 2 para o time colombiano do Once Caldas. Há um tempo atrás, escrevi algo que resumiria muito bem essa derrota, mas estou com um pouco mais de tempo aqui, e portanto escreverei algo mais sobre o assunto.

Não adianta culpar o Roger, ele tem as mesmas limitações que tinha quando entrou no Cruzeiro. Indo direto ao ponto: ele não sabe marcar. E, em um jogo onde vários outros jogadores renderam muito menos que o esperado (especialmente Henrique e Marquinhos Paraná), é de se esperar que outros (Roger, Montillo e Gilberto) fiquem sobrecarregados e procurem fazer a tarefa dos outros. Daí o jogador se sente pressionado a carregar o companheiro de equipe, tenta fazer o que ele faz, e faz merda. Se não fosse a complacência do juiz com o soco que o Henrique tomou de um jogador do Once Caldas logo no início da partida, talvez o Roger fosse expulso 10 minutos antes, aos 20 do primeiro tempo, em um outro lance em que ele chegou afobado, atrasado, longe da bola e atingindo o adversário por trás. É expulsão, por qualquer ângulo que se analise a performance do jogador. Não era o dia dele, como não será o dia dele sempre que ele tiver a função de marcar por pressão.

Também não adianta correr atrás de gol anulado. Adianta sim se perguntar o que levou o time a chutar tão pouco ao gol adversário... aquele gol anulado, aos 37 do segundo tempo, foi o primeiro chute do Cruzeiro rumo à meta na partida. Ou, talvez, tenha sido o segundo, ou o terceiro, mas não mais que isso. E aí, como fica? É culpado o bandeirinha que errou um lance em vinte, ou a equipe que criou vinte chances, e só acertou uma?

Velha explicação para o novo fracasso, meus amigos: o time entrou mal em campo, de salto alto, crente que já havia se classificado. Entrou pensando no Santos, na Vila Belmiro, nas quartas de final, e se esqueceu do adversário das oitavas. Aliás, que time limitado, tem o Once Caldas! Agora, só falta o Santos golear nos dois jogos, e toda a participação do Cruzeiro nessa edição da Libertadores passará a ser considerada uma mera anomalia, um conjunto de acasos, e não o produto do trabalho sério e dedicado de toda a equipe técnica. Tudo porque o time não rendeu o esperado.

Fica agora a final no campeonato estadual, e a necessidade de vitória e de boa apresentação. Também tenho boas esperanças quanto ao Brasileirão, onde uma partida mal jogada não costuma enterrar o trabalho de uma equipe. Veremos. Tudo ao seu devido tempo.

E.