sexta-feira, julho 30, 2010

Tomb of Horrors

Acabou de chegar pelo correio um brinde da WotC, uma aventura que foi enviada para todas as pessoas que estão cadastradas (e ativas) no programa de premiação da RPGA. Essa é a terceira bonificação que recebo, sendo a primeira uma outra aventura (The Village of Hommlet) e a segunda, uma caixa estilizada de Dark Sun.

Após o falecimento de Gary Gygax, imaginei que a WotC fosse incluir algum tipo de homenagem a ele em algum momento da lista de premiações da RPGA, uma vez em que ele não foi apenas um dos co-criadores do D&D, mas também o anfitrião das primeiras GenCon's, que aconteciam no porão de sua casa. A reedição dessa aventura, antes de tudo, é mais uma paródia desse legado que qualquer outra coisa.

Explico.

Não é segredo para ninguém que a Hasbro é a dona da WotC. Também não deve ser segredo para ninguém que o D&D é uma pelotinha de poeira no orçamento da Hasbro, quer dizer, financeiramente, significa muito pouco. Aliás, significa tão pouco, que é difícil de se acreditar que ela adquiriu essa pelotinha de poeira... ah, é: a WotC tem também o Magic: The Gathering. Sim, ok, aquisição explicada.

Ainda assim, a pergunta persiste: por que a Hasbro simplesmente não se livrou do D&D? Quer dizer, se eles cancelaram o jogo de D&D minis simplesmente para poder continuar vendendo minis sem ter de se preocupar com criar as regras para o jogo, por que não cancelar o sistema de regras? Ah, sim... porque eles dependem dele para continuar vendendo as minis. E os mapas. E os livros de regras.

E é nesse espírito que a Hasbro guia o jogo: de volta às origens, em mapas, masmorras, minis e muito mais. Tomb of Horrors era apresentada como uma masmorra diferente de todas as outras, onde não importava muito o quadrado no qual você está , e sim a sagacidade de seu personagem em sair vivo daquele buraco (quadrado?). Tive a chance de jogar essa aventura há mais de uma década atrás: no total, foram 16 horas de jogo e 15 personagens mortos. Eu levara 20 fichas de personagens prontas, assim como todos os outros jogadores, e teve gente que "esgotou suas fichas" (fliperama?) e acabou usando as minhas. No fim das contas, não sabíamos mais quais personagens eram os que faziam parte do grupo!

Minha maior frustração com as mortes dos personagens não eram as armadilhas de morte automática, os becos sem saída, ou mesmo os poucos combates na masmorra. O pior de tudo, ao meu ver, era o quão pouco as habilidades e poderes deles importavam... ironicamente, o personagem que durou mais tempo na masmorra foi um bardo, simplesmente porque ele não fazia nada! O problema não era o personagem, mas sim os meus vícios de interação com o ambiente que cercava o personagem. Não era a masmorra que os matava, era eu. E eu acredito que é assim com a maioria das pessoas que jogou a aventura. Cheguei ao final daquela coisa com um clérigo/guerreiro, e só depois de dar muita cabeçada, e de perceber que muitas mudanças eram necessárias na minha maneira de abordar aqueles desafios. Não, eu não era um jogador de matar-pilhar-destruir, mas eu era um jogador que esperava uma recompensa (grande ou pequena, qualquer que fosse) depois de cada desafio superado. E a masmorra não estava ali para isso: estava ali simplesmente para matar a todos os personagens, ponto final.

Então, quando eu vejo um módulo desses adptado para a quarta edição, eu sou obrigado a achar graça. Nem vou entrar no mérito de que é uma xupinhação de material antigo (clássico?), já revisado duas ou três vezes pela própria WotC. Falo mesmo da falta de letalidade no 4.0D&D, de seus segundos fôlegos e testes para todos os efeitos possíveis... antigamente, havia na masmorra a armadilha de Esfera da Aniquilação; hoje, temos a armadilha da Esfera de Teste de Fortitude da Aniquilação. Fora a descaracterização total da magia Desejo, que em AD&D era algo avidamente procurado pelos personagens... hoje, não creio que seja assim tão apelativo. Ou eu estou errado?

Acredito que todos aqueles que leram o Ravenloft de 4.0D&D viram como as ameaças aos personagens estão restritas às caracterizações, e não exatamente às chances de sucesso/fracasso. O mestre cumpre um dever de entretenimento, quer dizer, cabe a ele fazer os jogadores acreditarem que os personagens estão em situações de perigo iminente, quando na verdade não estão, nunca estão! Antigamente, os mestres tinham de roubar nos dados para que os personagens não morressem à toa; hoje, não há dados suficiente para matar os personagens, mas o mestre tem de descrever as coisas como se houvesse. Os dois são defeitos, na minha opinião, equivalentes. Porém, a aventura Tomb of Horrors cai como uma luva para um, e não tem nenhum respaldo no outro. Esfera da Aniquilação com teste de resistência, sério, foi o cúmulo... ah,tem também o Poço de Teste de Reflexos Contra o Portal do Caos Elemental. E há outras, muitas outras...

Enfim, acho uma pena que o jogo tenha sido tão desenraizado, realmente não curto a quarta edição (nossa, que novidade!), mas o pior mesmo é eles escolherem justamente o material mais característico do bom save or die do AD&D e tentar adaptar para 4.0D&D. Ravenloft, Dark Sun, GreyHawk... não são bons lugares para as regras de 4.0D&D, onde tudo passa por algum tipo de teste de perícias/resistência/whatever. São lugares que inspiram perigo, incerteza, e não panos de fundo para descansos de 5 minutos ("okay, everyone, let's take five!"). Eu acredito que eles deveriam ter procurado outros cenários, ou, melhor ainda, inventar novo material. Mas isso demandaria investimento, né? E, se é para vender miniaturas e outras props, melhor capitalizar aquilo que as pessoas já conhecem e amam. Melhor dar a elas o que elas já sabem que gostam, pintar com uma cor bonitinha, e pronto.

EDIT

Fiz um vídeo, apresentando o material e tecendo comentários. Achei por bem fazê-lo, assim que vi que o Tio Nitro o fizera em seu blog. Só que ele parece que gostou muito do trem, e eu não... ou seja, além de tudo, serve de contraponto!



Só para que fique claro: a aventura ficou descaracterizada. Gostos e opiniões à parte, o cerne da Tomb of Horrors era justamente sua letalidade, e isso se perdeu nessa nova versão. Justamente porque esse não é o foco da 4.0D&D. Se deveria ou não deveria ser esse o foco da edição, é outra conversa.

/EDIT

Retomando o raciocínio: enquanto as pessoas continuarem pagando por material recalchutado, para que inovar? Quem liga?

E.

segunda-feira, julho 26, 2010

Dois Grandes Reinos da Natureza*

Bom... coluna extra e nada a ver com nada que eu já tenha pensado em publicar. Ou escrever. Ou citar. Ou sei lá.

Enfim... ví um vídeo (!!!) assustador, que nos mostra realmente como sabemos pouco sobre o mundo em que vivemos... sabe quando você está em um congestionamento, e há aquela imensidão de carros e motos e ambulantes e fumaça e gente parada nos pontos de ônibus e chuva e acidente na curva e tudo o mais? Você meio que não tem a impressão de que TODOS OS CARROS DA FACE DA TERRA estão na sua frente, só empatando sua foda jornada? Pois é... saiba, pequeno gafanhoto, que há um congestionamento muito maior acima da sua cabeça, e eu não estou falando de preces:





Cara, um piolho/cupim voando a quase 12.000 pés... tipo, seis quilômetros de altura... será que ele estava procurando o topo do Aconcágua???

E isso é lá na Inglaterra, onde há menos insetos que aqui, nos trópicos, e onde não há os ventos alísios e tal... desse jeito, eu chego a acreditar que o homem não foi o primeiro terráqueo a chegar na Lua (ok, forcei a barra). Até porque ainda tem gente que acha que a Lua é menor que um elefante, então...

Então, até a próxima... quem sabe, com mais RPG, Geologia, Futebol... ou, imagine só, grana!

E.

* Sim, eu tinha a enciclopédia "Novo Tesouro da Juventude" em casa...na verdade, ainda tenho!

quinta-feira, julho 22, 2010

4º Quero Jogar RPG BH

[Retirando a poeira do Blog]

{cof, cof, cof}

Então... eu estou vivo! Feito o Monstro de Frankenstein, só que com menos charme. Enfim, tivemos o evento, organizado pelo João (se eu fosse fanzoca de Star Wars, eu diria que ele é meu "Padawan" ou algo assim).

O evento teve mesas oficiais, quer dizer, mesas de 4.0D&D. Também teve mesa de GURPS (sim, esse mesmo!), e é claro, teve os váááááááários jogos trazidos pelo Igor: Munchkin, Nanuk, Zombie Dice, e mais uns 4 ou 5 que eu não cheguei a ver. Vendi muitas minis, o que me garantiu uma grana para o trabalho de campo do mês que vem... também teve lanches e guloseimas, disponibilizados pelo Trio Abreu (Edy, Poliana e Thiago), além da presença do Giltônio, que trouxe seu Mamute para degustação.

Na parte de comércio direcionada ao RPG, eu levei as miniaturas, e o pessoal da Tenda Valhalla levou livros e dados de vários sistemas (dentre eles, BESMd20 e Mago: A Ascenção). A presença foi pequena, talvez por conta das férias/final de semestre de alguns. Oh, tudo bem... antes pingar do que secar.

Distribuí minis aos participantes, uma miniatura para cada um... se tivermos eventos maiores (com mais pessoas) animo de ser mais generoso com os brindes. O João já olhou alguma coisa para agosto e, para setembro, aparentemente, teremos um Game Day. É, acho que ficará melhor...

Fiz um vídeo, mas, noob que sou, utilizei o celular deitado... êita, ferro. Daí, a imagem ficou rotacionada em 90º. Se alguém souber como normalizá-la, por favor, entre em contato!

EDIT Taí o vídeo... ficou meio zoado, mas é esse o espírito da coisa!




Só para que não haja enganos ou interpretações equivocadas: esse vídeo foi feito em um momento de descontração, quando todos estávamos ainda meio que à toa, pois havia poucos participantes no evento. Daí o fato de o Igor deixar seus "tesouros" meio que de lado, de haver duas pessoas filmando e de haver um monte de gente em torno de um único mestre/narrador (normalmente, temos 4 jogadores por mesa). Fora a inveitável brincadeira com o lance de "RPG é jogo do demônio". Todos os RPGistas sabem o quanto essa afirmativa é ridícula, e por isso entendem a brincadeira no ato, sem susto. Esse aviso não é para eles, e sim para as pessoas que realmente não sabem do que é que se trata uma partida/campanha/aventura/mesa de RPG, e podem ter chegado por aqui meio que de para-quedas. A vocês, digo apenas o seguinte: estão mais que convidados a comparecer aos nossos eventos, que são abertos, gratuitos e organizados por pessoas que tem interesse em atrair novatos para o hobby, pois só assim ele (e qualquer outro segmento comercial) pode sobreviver. Venha se divertir, venha conhecer, ou venha apenas acompanhar um amigo/namorado/parente Mas venha preparado para se divertir, e muito!

E.