domingo, agosto 02, 2009

O Mercado das Coisas Grátis, A Janela de Transferências e a Saudade das Tardes de Domingo

Comecei o dia lendo a coluna de Elio Gaspari, como sempre faço aos domingos. O assunto, hoje, é a expansão dos produtos e serviços oferecidos gratuitamente e/ou a preço de banana.

O enredo passou, é claro, pelo Google, esse site que todos acessamos 10 a 12 vezes por dia, ou mais. Esse blog, por exemplo, eu acesso por uma conta de e-mail do google, assim como é no meu orkut e, creio, no meu twitter. A Google é uma empresa avaliada em US$20 bilhões, ou, como eu gosto de escrever, US$20.000.000.000,00. É um valor superior à soma dos valores das montadoras de veículos e companhias aéreas dos EUA, tudo segundo essa coluna de hoje.

Fiquei sabendo, ainda, que um transistor custa US$0,000015 dólares. Ou seja, compro um, e recebo outros 1.000 de troco. Situações de um mundo industrializado eficientilíssimo, talvez associado ao trabalho (escravo) infantil. Oh, bem... continuemos.

Tudo isso está em um livro, chamado "Free - O Futuro de um Preço Radical", que na versão original (nos EUA) teve um período de downloads grauitos, e agora é vendido a US$27,00 ( o download pode ser feito por US$10,00). Como vocês devem ter percebido pelo título, o livro será lançado no Brasil, e aí acabou a nossa alegria: não terá versão gratuita, nem mesmo será disponibilizado para download. Nas livrarias, chegará por R$59,90.

Tudo isso me fez pensar não apenas nas barreiras que enfrenta-se para divulgar/popularizar/desdemonizar o RPG no nosso país, mas nos números que podem (e são) dados a essa situação.

Será que alguém, no Brasil, que não saiba nada sobre RPG, compraria um livro explicando a coisa toda por US$0,000015?

Será que conseguiríamos vender um livro por US$27,00 após colocá-lo gratuitamente para download? Será que conseguiríamos vender o download desse livro por US$10,00 após o período de dowload grauito?

Será que algum dia o mercado de RPG brasileiro movimentará US$20.000.000.000,00?

Todas essas questões, presumo, apontam para um singelo e redondo "não". Porém, parado eu não gosto de ficar, nem mesmo quando as coisas estão indo bem (e, acredite, elas não estão). Temos sim uma base de pessoas na internet que, ao que parece, se interessa em movimentar as coisas, elevar o nível das conversas, propor novos cenários/aventuras/sistemas... mas que simplesmente não sabem como fazê-lo. Eu, por exemplo, não sei. Nah, melhor ainda: eu não tenho a menor ideia.

Passando para a segunda etapa do raciocínio: começou aquela famigerada janela de transferências para o meracado europeu do futebol... é quando vemos nossos (?) melhores atletas irem embora dos principais clubes do Brasil. Saem dos clubes mais ricos do país do futebol, e ingressam no futebol de qualquer país que lhes pague fortunas. Eu vi inclusive a citação de uma charge fabulosa a esse respeito, nesse fórum aqui. Será que a mesma coisa aconteceria com o RPG?

Suponhamos que um de nós, autores ilusórios, um belo dia criemos algo realmente *cativante*. Algo tão bom que chegue a alcançar sucesso internacional. Pode ser um sistema de regras, uma ambientação, sei lá, alguma coisa que leve o público a realmente acordar para o RPG, expandindo em muito o nosso mercado, etc. Quanto tempo até alguém de fora jogar os dólares na nossa cabeça e nos levar embora? Quanto tempo até sermos contratados para a equipe criadora da "nova edição" da Hasbro ou da WW? Quanto tempo duraríamos aqui?

Hmmm, saudades da época em que eu tinha apenas que criar uma masmorra dessas aí, encher de orcs e armadilhas (mais um cubo gelatinoso) e chamar meus amigos para nos divertirmos... agora, tem de pensar em dinheiro, verba, apresentação do conteúdo (demorei a aprender a fazer mapas em papel quadriculado, imagine só!), texto decodificado... quando foi que se divertir passou a custar tanto???

E.

2 comentários:

  1. O preço da diversão não aumentou não Luminus, o que mudou foi na verdade a mentalidade dos jogadores, e é com isso que nós devemos estar preocupados...
    pois se a imprensa ajudasse a divulgar mais os projetos nacionais de rpg concerteza teriamos mais material bom no mercado e também materiais mais baratos

    ResponderExcluir
  2. Ah, colega, sei não... RPG nunca foi uma coisa amplamente divulgada nesse país, e o preço das coisas é o preço das coisas: ele só faz subir.

    Mas te agradeço pela visita! Valeu mesmo, e desculpe pela demora em comentar seu comentário: por alguma razão desconhecida, o sistema do blogspot não me avisou do seu comentário!

    Abraços,

    E.

    ResponderExcluir